quarta-feira, setembro 06, 2006

Sumiram 100 milhões de mulheres

Poucas semanas atrás, a polícia indiana descobriu 50 fetos mortos, todos do sexo feminino, dentro de um poço no Punjab, uma das regiões mais ricas do paísa. o poço era bem ao lado de uma clínica.

A localização não é mero acaso: o governo aprovou uma lei em 1994 proibindo o uso de exames de determinação do sexo do bebê, a não ser em casos específicos. Apesar disso, muitas clínicas oferecem esses exames, juntamente com os abortos de fetos do sexo feminino.

Os indianos preferem ter filhos homens para não precisar pagar os dotes do casamento. Ainda é prevalente na Índia o costume do dote, e muitas famílias não conseguem pagar dote para casar várias filhas.

Em seu livro mais recente, "The Argumentative Indian", o economista indiano Amartya Sen, vencedor do Nobel, calcula, baseado em várias pesquisas, que exista um déficit de mais de 100 milhões de mulheres na índia e China, países que mais praticam esses abortos seletivos.

Em alguns estados, chegam a nascer apenas 700 mulheres para cada 1000 homens. Ele afirma que a desigualdade entre os os sexos é uma das grandes barreiras para o desenvolvimento.

terça-feira, setembro 05, 2006

Por mais respeito aos eleitores

Entre 1990 e 1992, trabalhei em uma agência de publicidade baiana, a Propeg, que acumulara vasta experiência em marketing político. A direção da agência achava que eu entendia do assunto porque fora colunista político do Jornal do Brasil.

Eu não entendia. Passei a entender depois de três anos sob o tacão dos marqueteiros Geraldo Walter de Souza Filho, o Geraldão, Rui Rodrigues e Fernando Barros. Foram anos divertidos, dois deles em Angola.

Naquela época, a Justiça Eleitoral era mais flexível por aqui no exame dos programas de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Permitia que os candidatos se atacassem - desde que não resvalassem para baixarias e ofensas graves.

A campanha era especialmente quente na Bahia, berço de alguns dos mais brilhantes marqueteiros do país - além de Geraldão e de Fernando, Duda Mendonça, Nizan Guanaez, Sérgio Amado, Berni e João Santa Filho, responsável pela campanha de Lula.

Ali, marqueteiros de candidatos sem chances de vitória travavam uma guerra surda para ver qual deles tinha mais programas suspensos devido a ataques que ultrapassavam a generosa fronteira do permitido pela Justiça.

Geraldão era especialista em insultar Antonio Carlos Magalhães. Em uma de suas peças mais famosas da campanha de 1986, fez uma paródia da música "Camisa Listrada", de Assis Valente, e ilustrou-a com imagens de ACM. A nova letra dizia assim:

"Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí

(Aqui aparecia ACM de camisa listrada)

Em vez de tomar chá com torrada ele chutou o guri

(Aqui, ACM aparecia chutando a perna de um repórter)

Levava o dinheiro no bolso e um chicote na mão

E sorria quando o povo dizia: lá vai o ladrão, lá vai o ladrão".

Havia um sósia de ACM em Salvador. E ele foi personagem de uma novela criada por Geraldão para pegar carona no sucesso da novela Roque Santeiro, da Rede Globo. A de Geraldão se chamava "Antônio Santeiro".

Antõnio Carlos coleciona imagens antigas de santos. "Antônio Santeiro" roubava de igrejas imagens de santos. As beatas da novela de Geraldão se benziam quando cruzavam com "Antônio Santeiro" cercado de capangas.

Na campanha de José Agripino Maia para o governo do Rio Grande do Norte em 1990, Geraldão encomendou uma paródia da música "Metamorfose Ambulante", de Raul Seixas, para debochar da candidatura adversária de Lavosier Maia.

Faz bem a Justiça quando zela para que os programas de propaganda eleitoral não sirvam à prática de crimes de calúnia, injúria e difamação. Mas ela empobrece a discussão política quando interpreta como ofensa o que não passa de ácida crítica.


Em recente programa de Alckmin na televisão, um locutor disse: "O Brasil vive a maior crise de corrupção de sua História". E dissertou sobre mensalão, sanguessugas e dólares na cueca para no fim perguntar: "E você ainda acredita no Lula?"


O programa não culpou Lula pela crise. Mostrou trecho de uma entrevista onde ele dizia que, uma vez eleito, os ministros do governo lhe prestariam conta dos seus atos. E citava ministros que perderam o emprego por terem se envolvido em escândalos.

Só então fazia a pergunta: "E você ainda acredita no Lula?"


Pois o ministro Marcelo Ribeiro, do Tribunal Superior Eleitoral, concedeu liminar proibindo a reapresentação da fala do locutor. Considerou-a ofensiva a Lula. Talvez ainda hoje, no julgamento do mérito, o Tribunal mantenha ou casse a liminar.


Se não houver espaço na propaganda dos candidatos para críticas de parte a parte; se um candidato não puder se socorrer de imagens de arquivo para apontar eventuais contradições de adversários, para que servirá o horário de propaganda?

Apenas para a apresentação de propostas? Para a vaga discussão de idéias? Para que os candidatos prometam o que depois não entregarão?

Há que se repensar os critérios que orientam a Justiça na análise da propaganda eleitoral. E seria o caso de se repensar também o próprio horário de propaganda. Os eleitores ganhariam mais se o monólogo dos candidatos desse lugar a debates obrigatórios.

O modelo atual do horário de propaganda serve mais ao engodo do que ao esclarecimento.

Ricardo Noblat


Glamour e miséria do mundinho fashion

O Filme "O Diabo Veste Prada", de David Frankel. A idéia, imagino, era uma mistura de "Bonequinha de Luxo" com "Sex and the City", só que ficou sem o glamour daquele e a perspicácia deste. Mas é impressionante como os roteiristas de Hollywood ainda sabem balancear crítica e elogio a um universo particular. O filme não deixa de ser um retrato satírico do mundinho fashion, dominado por uma editora de moda autoritária (Meryl Streep, ótima ao prescindir da histeria para soar desagradável) e sua trupe de sicofantas que só pensam em ficar cada vez mais magras e consumistas. Na série de clichês, a falsa patinha feia (Anne Hathaway, linda desde a primeira tomada) é envolvida pela beleza das roupas e acessórios que desfilam pelo filme.


Mais adiante, se vê obrigada a optar entre honra e sucesso, sem com isso deixar de se afeiçoar à megera protetora. A crítica é caricatural, por certo, mas do tipo que realça um aspecto da realidade; afinal, não são poucos os "poderosos" da moda que tratam os outros como objetos (cabides, em geral). Mas a galera "descolada" da pré-estréia a-do-rou o filme. Aí não existe crise de consciência que um par de sapatos Manolo Blahnik não chute para longe.

LIBERDADEEEEEEEEEEEEEEEEEEE


Ainda sobre terror e isenção

Essa questão de considerar o Hizbollah e o Hamas terrorismo ou resistência tem, sim, importância interna. Quantas reportagens vocês já leram na chamada grande imprensa sobre o Foro de São Paulo, uma entidade criada por Lula e por Marco Aurélio Garcia que reúne partidos e grupamentos de esquerda da América Latina? Acho que nenhuma. Neste grupo, as narcoguerrilheiras Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) têm assento, ao lado do PT. O Brasil reconheceu o estatuto de refugiado político ao narcopadre Medina. Fernandinho Beira-Mar, que o governo do Brasil só conseguiu manter em cana porque São Paulo tinha presídio de segurança máxima, já negociou com aqueles idealistas. Mais do que isso: no primeiro ano de mandato, Lula ofereceu o Brasil como “território neutro” para um encontro entre o governo constitucional da Colômbia e gente que faz reivindicações seqüestrando e matando. Um ombudsman preocupado com a isenção e com o equilíbrio talvez visse nisso uma saudável neutralidade. Assim, não me estranha que o pensamento médio do jornalismo brasileiro em relação aos terroristas expresse compreensão e até tolerância. Podemos inverter alguns sinais para pensar por meio de exemplos. Imaginem se houvesse no Brasil algo parecido com uma guerrilha de direita, de caráter fascista ou coisa parecida. Seria suportável que um país se oferecesse como “neutro” para mediar o conflito? De onde vem essa superioridade moral dos narcotraficantes e dos terroristas árabes?

Líbano: a primeira e a segunda opções do terror

Está consumado. Israel manterá uma zona de segurança no Sul do Líbano, com extensão ainda a ser decidida, de 3 km a 10 km, e vai esperar que chegue, então, a força da ONU para auxiliar na patrulha, sem abrir mão de manter o controle da área. Está certo. O país abriga um exército inimigo que, do nada, invadiu o seu território, matou oito soldados e seqüestrou outros dois. Qual a reivindicação? Não sei. No Brasil, creio que só o Emir Sader saiba. Mas eu não vou ler. Se me sobrasse tempo, preferiria ficar estourando aquelas bolhinhas de ar de plástico de embalagem. Até onde entendo, são terroristas e têm de ser perseguidos e mortos. Rezarei por suas almas. Não enquanto estiverem vivos e matando pessoas. É assim que funciona.
“Ah, aconteceu o que o terror queria!!!”. Não duvidem. Com o prestimoso auxílio do Hamas no governo da Autoridade Nacional Palestina, qualquer avanço em relação à Cisjordânia está descartado, e a Faixa de Gaza agora vive sob cerco de novo. Pronto: se não existem razões para o martírio, criemo-las! É assim que eles são. O pacifismo de miolo mole então clama: “Mas por que essa força exagerada?” E qual seria a força moderada? Nem mesmo a obviamente ação agressiva de Israel impede o Hizbollah de continuar a jogar foguetes em Israel. Eles dão mostras de recuar? Não. Prometem usar agora outros de mais longo alcance.
Sabem o que isso significa? No tempo em que o Israel ficou fora do Líbano, em vez de se estar construindo a paz, estava-se tramado a guerra. Os terroristas xiitas, financiados por Irã e pela Síria, estavam comprando e estocando armamentos, renovando seu arsenal para... destruir Israel, ora essa. É por isso que eles existem. É por isso que existe o seu congênere sunita no governo da própria ANP. Claro, na hipótese de acontecer o que os dois grupos desejam — todos os israelenses fuzilados, afogados ou queimados —, aí eles começariam a se matar entre si.
Ou não é rigorosamente isso o que se vê no Iraque? Sunitas matam xiitas, xiitas matam sunitas, e ambos se juntam para matar soldados americanos. Na cabeça dos perturbados, a culpa é toda de George W. Bush. A Síria, diga-se, que também financia os Hyzbollah, degolaria qualquer força xiita que surgisse em seu país. Mas, todos afirmam, o Islã é pacífico. Vai ver é mesmo. O Islamismo está virando a versão contemporânea do “socialismo”, lembram? O real era uma merda, mas o da teoria, aquele nunca realizado, era um espetáculo, com seus rios de leite e mel.
Era o que os terroristas queriam? Era, sim. Mas esta é apenas a sua segunda opção. A primeira continua a ser destruir Israel.

"Si vis pacem, para bellum" e os inocentes

Infelizmente, não posso responder a cada objeção que chega, ou não bastariam 20 Uris escrevendo 24 horas por dia — já me excedo um tanto, convenham. Chegam-me algumas questões sobre os inocentes mortos também no Líbano e nos territórios palestinos. Sim, é claro que os há. A tática do terror é se meter entre inocentes para que a reação do agredido seja necessariamente criminalizada. Os terroristas os usam como escudos humanos, o que Israel não faz: luta com suas forças regulares. Se os foguetes do Hizbollah e os homens-bomba do Hamas não matam ainda mais israelenses, é por incompetência, não por bondade. Corolário: sempre que um inocente morre no Líbano ou em Gaza, os terroristas vibram de felicidade; sua causa está, enfim, justificada. Falsa lição a tirar daí: Israel não deveria reagir porque, assim, não perderia, digamos, o exclusivismo moral. Lição realista a tirar daí: paz a quem quer paz; guerra a quem quer guerra. Até a vitória. Si vis pacem, para bellum. Se queres a paz, prepara a guerra. Nota: esse para (prepara) bellum (a guerra) resultou em “Parabellum”, uma pistola de fabricação alemã. No Brasil, perdeu um “l” e ganhou acento: “parabélum”. No interior de São Paulo, perdeu o sotaque latino e o acento: “parabelo”, sinônimo, por metonímia, de revólver, qualquer um.

Duas imagens




"A Batalha de Alexandre", quadro inteiro (acima) e um detalhe ampliado (à dir.), de Albrecht Altodorfer (1529)

Sobre Comícios

Comício: reunião pública de cidadãos, geralmente a céu aberto, em que se fazem protestos e/ou críticas de caráter social ou político, ou em que um candidato a cargo eletivo expõe seus projetos e idéiasBando: grupo de pessoas que atua em atividades ilegais ou anti-sociais; quadrilhaSúcia: reunião de indivíduos de má índole ou de má fama; malta, bandoMalta: reunião de indivíduos de má fama, de má índole; bando, súcia; grupo de pessoas com atividades ou interesses afins; bandoCovil: lugar freqüentado por ladrões, malfeitores etc.; antro; prostíbuloAntro: lugar sórdido onde se escondem criminosos; covilQuadrilha: bando de malfeitores; súcia, corjaCorja: grupo de indivíduos grosseiros, vis, de má índole; canalha, súcia, maltaCanalha: conjunto de pessoas infames, abjetas, desprezíveisComplô: trama secreta concertada entre diversos indivíduos contra uma autoridade, um personagem público, uma instituição etc.Trama: maquinação geralmente secreta, às vezes ilícita ou imoral, com o objetivo de prejudicar ou favorecer algo ou alguém; intriga, conluio, armaçãoConluio: combinação, ajuste maléficoArmação: aquilo que se planeja ou encena com a finalidade de lograr alguém, de obter alguma compensação ilícita etcIntriga: maquinação secreta com o objetivo de prejudicar algo ou alguém; perfídia, ciladaConspiração: ato ou efeito de conspirar; conluio, maquinação, tramaSafadeza: qualidade característica do que é safado; vileza, desfaçatez; ato, dito ou procedimento próprio do que é safado; safadagem, safadismoProstíbulo: local, casa etc., destinado à prostituição; casa de tolerância, lupanar, bordel

Um poema

Um poema de Wordsworth


Abaixo, há um poema de Wordsworth. Está longe de ser o meu predileto. Mas inspirou um filme, Splendour in the Grass, do excelente Elia Kazan (perseguido pelos comunistas). Veja trecho em negrito. Natalie Wood, já passadita, mas linda!, e Warren Beatty são as estrelas. É uma história de amor impossível, como devem ser os amores que rendem histórias, diabos!, ou se vai falar sobre o quê? Sabem com que título o filme chegou ao Brasil? “Clamor do Sexo”. Por que Wordsworth agora? Não sei. Vontade de pensar um pouco no que não morre. O filme deve estar nas locadoras. Cuidado com uma refilmagem picareta. Quando eu era professor, eu o usava para dar discas aos alunos de como ver um filme: coerência da narrativa, indícios, pertinência dos diálogos. Talvez tenham aprendido. Nunca se sabe. Quem, passado dos 40 — tenho 44 —, nunca sentiu algo parecido com o que vai na primeira estrofe ou mente ou é uma besta.

Intimations of Immortality from Recollections of Early Childhood I

THERE was a time when meadow, grove, and stream,
The earth, and every common sight,
To me did seem
Apparelled in celestial light,
The glory and the freshness of a dream.
It is not now as it hath been of yore;--
Turn wheresoe'er I may,
By night or day,
The things which I have seen I now can see no more.

II

The Rainbow comes and goes,
And lovely is the Rose,
The Moon doth with delight
Look round her when the heavens are bare,
Waters on a starry night
Are beautiful and fair;
The sunshine is a glorious birth;
But yet I know, where'er I go,
That there hath past away a glory from the earth.

III

Now, while the birds thus sing a joyous song,
And while the young lambs bound
As to the tabor's sound,
To me alone there came a thought of grief:
A timely utterance gave that thought relief,
And I again am strong:
The cataracts blow their trumpets from the steep;
No more shall grief of mine the season wrong;
I hear the Echoes through the mountains throng,
The Winds come to me from the fields of sleep,
And all the earth is gay;
Land and sea
Give themselves up to jollity,
And with the heart of May
Doth every Beast keep holiday;--
Thou Child of Joy,
Shout round me, let me hear thy shouts, thou happy
Shepherd-boy!

IV

Ye blessed Creatures, I have heard the call
Ye to each other make; I see
The heavens laugh with you in your jubilee;
My heart is at your festival,
My head hath its coronal,
The fulness of your bliss, I feel--I feel it all.
Oh evil day! if I were sullen
While Earth herself is adorning,
This sweet May-morning,
And the Children are culling
On every side,
In a thousand valleys far and wide,
Fresh flowers; while the sun shines warm,
And the Babe leaps up on his Mother's arm:--
I hear, I hear, with joy I hear!
--But there's a Tree, of many, one,
A single Field which I have looked upon,
Both of them speak of something that is gone:
The Pansy at my feet
Doth the same tale repeat:
Whither is fled the visionary gleam?
Where is it now, the glory and the dream?

V

Our birth is but a sleep and a forgetting:
The Soul that rises with us, our life's Star,
Hath had elsewhere its setting,
And cometh from afar:
Not in entire forgetfulness,
And not in utter nakedness,
But trailing clouds of glory do we come
From God, who is our home:
Heaven lies about us in our infancy!
Shades of the prison-house begin to close
Upon the growing Boy,
But He beholds the light, and whence it flows,
He sees it in his joy;
The Youth, who daily farther from the east
Must travel, still is Nature's Priest,
And by the vision splendid
Is on his way attended;
At length the Man perceives it die away,
And fade into the light of common day.

VI

Earth fills her lap with pleasures of her own;
Yearnings she hath in her own natural kind,
And, even with something of a Mother's mind,
And no unworthy aim,
The homely Nurse doth all she can
To make her Foster-child, her Inmate Man,
Forget the glories he hath known,
And that imperial palace whence he came.

VII

Behold the Child among his new-born blisses,
A six years' Darling of a pigmy size!
See, where 'mid work of his own hand he lies,
Fretted by sallies of his mother's kisses,
With light upon him from his father's eyes!
See, at his feet, some little plan or chart,
Some fragment from his dream of human life,
Shaped by himself with newly-learned art;
A wedding or a festival,
A mourning or a funeral;
And this hath now his heart,
And unto this he frames his song:
Then will he fit his tongue
To dialogues of business, love, or strife;
But it will not be long
Ere this be thrown aside,
And with new joy and pride
The little Actor cons another part;
Filling from time to time his "humorous stage"
With all the Persons, down to palsied Age,
That Life brings with her in her equipage;
As if his whole vocation
Were endless imitation.

VIII

Thou, whose exterior semblance doth belie
Thy Soul's immensity;
Thou best Philosopher, who yet dost keep
Thy heritage, thou Eye among the blind,
That, deaf and silent, read'st the eternal deep,
Haunted for ever by the eternal mind,--
Mighty Prophet! Seer blest!
On whom those truths do rest,
Which we are toiling all our lives to find,
In darkness lost, the darkness of the grave;
Thou, over whom thy Immortality
Broods like the Day, a Master o'er a Slave,
A Presence which is not to be put by;
Thou little Child, yet glorious in the might
Of heaven-born freedom on thy being's height,
Why with such earnest pains dost thou provoke
The years to bring the inevitable yoke,
Thus blindly with thy blessedness at strife?
Full soon thy Soul shall have her earthly freight,
And custom lie upon thee with a weight
Heavy as frost, and deep almost as life!

IX

O joy! that in our embers
Is something that doth live,
That nature yet remembers
What was so fugitive!
The thought of our past years in me doth breed
Perpetual benediction: not indeed
For that which is most worthy to be blest--
Delight and liberty, the simple creed
Of Childhood, whether busy or at rest,
With new-fledged hope still fluttering in his breast:--
Not for these I raise
The song of thanks and praise;
But for those obstinate questionings
Of sense and outward things,
Fallings from us, vanishings;
Blank misgivings of a Creature
Moving about in worlds not realised,
High instincts before which our mortal Nature
Did tremble like a guilty Thing surprised:
But for those first affections,
Those shadowy recollections,
Which, be they what they may,
Are yet the fountain light of all our day,
Are yet a master light of all our seeing;
Uphold us, cherish, and have power to make
Our noisy years seem moments in the being
Of the eternal Silence: truths that wake,
To perish never;
Which neither listlessness, nor mad endeavour,
Nor Man nor Boy,
Nor all that is at enmity with joy,
Can utterly abolish or destroy!
Hence in a season of calm weather
Though inland far we be,
Our Souls have sight of that immortal sea
Which brought us hither,
Can in a moment travel thither,
And see the Children sport upon the shore,
And hear the mighty waters rolling evermore.
X
Then sing, ye Birds, sing, sing a joyous song!
And let the young Lambs bound
As to the tabor's sound!
We in thought will join your throng,
Ye that pipe and ye that play,
Ye that through your hearts to-day
Feel the gladness of the May!
What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind;
In the primal sympathy
Which having been must ever be;
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering;
In the faith that looks through death,
In years that bring the philosophic mind.

XI

And O, ye Fountains, Meadows, Hills, and Groves,
Forebode not any severing of our loves!
Yet in my heart of hearts I feel your might;
I only have relinquished one delight
To live beneath your more habitual sway.
I love the Brooks which down their channels fret,
Even more than when I tripped lightly as they;
The innocent brightness of a new-born Day
Is lovely yet;
The Clouds that gather round the setting sun
Do take a sober colouring from an eye
That hath kept watch o'er man's mortality;
Another race hath been, and other palms are won.
Thanks to the human heart by which we live,
Thanks to its tenderness, its joys, and fears,
To me the meanest flower that blows can give
Thoughts that do often lie too deep for tears.