quinta-feira, setembro 14, 2006

O ESPELHO E EU


O alfaiate se arrumando no espelho

O cachorro "fucinhando" algo pra comer
As crianças com a bola
Os velhos na praça
O ponto arrinheiro e seu papelão
A envelhecida e suas latinhas
O chinês e seus pastéis
O soldado e sua arrogância
A faixa e sua propagandas
As casas sem bandeira
O crente e seu suor
A árvore e seu balanço
A fila na agência de emprego
Os adolescentes se beijando
O bêbado se concentrando
A criança perdida
O hippie e sua gaita
O gari e seu descanço
O cachorro e sua displicência
A freira e seus segredos
O mendigo e sua fome
O menino e sua pipa
A velha e sua espera
O cego e sua sanfona
O motorista e seu calo
O espelho e eu.
Fiquei cego!

A Culura de Massas na Década de 1930

CONCEITO
No final dos anos 20 e sobremodo na década de 1930, uma série de manifestações culturais – vinculadas a uma nascente indústria de lazer – emergia poderosamente, atingindo todos os segmentos sociais do mundo urbanizado. O rádio, o cinema e a música popular avançavam a grandes saltos. Começava-se a viver, então, a chamada Era da cultura de massas.
Este novo fenômeno, a utilização dos novos meios de informação, capazes de atingir simultaneamente grandes camadas da população, para divulgar cultura e anúncios, mereceu sérios estudos de suas escolas de pensamento: uma nos EEUU, conhecida como Escola de Chicago; e outra, na Alemanha, chamada Escola de Frankfurt. A primeira, preocupada com a maneira como o homem interagiria com essas novas mídias, estudou apenas os aspecto técnico e físico dessa interação, sem entrar na questão de que tipo de conteúdo seria veiculado pelos novos meios de comunicação. Já a escola de Frankfurt estava preocupada essencialmente com o conteúdo, compondo terríveis manifestos contra a vulgarização da arte. São célebres os escritos de Adorno e Hockheimer contra a música popular, e o também clássico ensaio de Walter Benjamim contra a possibilidade de manter a aura das obras de arte uma vez que fossem reproduzidas e copiadas pelas novas técnicas de comunicação.
A escola de Frankfurt foi responsável, também, por formular o conceito de Indústria cultural, que seria o modo como a sociedade capitalista manipularia os indivíduos, através dos meios de comunicação de massa, para anular-lhes as individualidades e a capacidade crítica, formando uma massa homogênea que consumiria com mais facilidade poucos produtos culturais, produzidos em larga escala como na indústria tradicional.
O fato é que, enquanto a intelectualidade estava preocupada em discutir como utilizar essas novas mídias, governos, empresários e anunciantes, festejavam o espantoso crescimento do setor.
O RÁDIO
O desenvolvimento tecnológico de transmissão e recepção radiofônica, durante a década de 30, coincidiu com a idéia de publicidade comercial, que incrementou as programações e a profissionalização do meio. Os grandes líderes da época passaram a utilizar espaços no rádio para expor suas idéias. Os nazistas estatizaram o setor, em 1933, e não se pode imaginar a figura de Hitler sem o seu hipnótico vociferar diante dos microfones. Stálin e Roosevelt também usaram o rádio com enorme talento para animar seus povos. Getúlio Vargas não apenas sabia falar com a população, mas tratou de instrumentalizar o novo meio dentro de seus objetivos políticos. Em 1938, surgiria o mais famoso serviço radiofônico do planeta, a BBC (British Broadcasting Corporation), cujo papel na resistência à selvageria nazista foi inigualável.
Em princípio, a programação das emissoras privadas buscava a popularização da chamada alta cultura: música erudita, leitura de peças teatrais, noticiários, Mas nos EEUU e, em seguida, no Brasil, houve uma identificação com as exigências, nem sempre apuradas, dos ouvintes. O objetivo das emissoras tornou-se mercantil, o custo dos anúncios estava relacionada com a audiência, fazia-se necessário agradar os consumidores. Até mesmo uma rádio estatizada, como a poderosa Nacional, do Rio de Janeiro, não se furtava a disputar o mercado, valendo-se do mais intenso populismo.
No Brasil, as primeiras emissoras preocuparam-se em ampliar o alcance e melhorar a qualidade de som e, em seguida, cativar o público. Os programas de variedades obtiveram repercussão imediata e neles a música popular ocupava papel preponderante. (Devemos lembrar que pouquíssimas famílias possuíam gramofones ou as “modernas” vitrolas.) Por isso, as emissoras de maior audiência (Record, Tupi, Mayrink Veiga, Nacional) começaram a contratar, com exclusividade, orquestras e cantores. Como mesmo assim, faltavam artistas, surgiram programas de calouros cujo prêmio principal era a assinatura de um bom contrato.
Embora a época de ouro do rádio brasileiro acontecesse nas décadas posteriores (40 e 50), nomes inesquecíveis da cultura popular já tinham aparecido nos anos 30: compositores como Lamartine Babo, Ari Barroso; cantores como Orlando Silva, Chico Alves, Sílvio Caldas, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira e outros.
Numa canção de João de Barro, as irmãs Aurora e Carmem Miranda cristalizaram as múltiplas funções do novo veículo de comunicação: “Nós somos as cantoras do rádio / Levamos a vida a cantar. / De noite embalamos teu sono, / De manhã nós vamos te acordar. Nós somos as cantoras do rádio. / Nossas canções, cruzando o espaço azul, / Vão reunindo, num grande abraço,/ Corações de Norte a Sul.”
O CINEMA
No início dos anos 30, se fez o trânsito definitivo do cinema mudo para o cinema sonoro, após o êxito retumbante de The jazz singer, com Al Johnson, de 1927. Por possuírem as patentes industriais que permitiam a sonorização dos filmes, Alemanha e Estados Unidos puseram-se à frente da produção. Os alemães criaram uma série de clássicos: O anjo azul (1930), de Josef von Sternberg; M, o vampiro de Dusseldorf (1931) e O testamento do doutor Mabuse (1932), ambos de Fritz Lang. Com a vitória hitlerista, muitos cineastas alemães mudaram-se para Hollywood.
Coube, porém, ao cinema americano a primazia mundial na chamada “sétima arte”. Alicerçado em forte arcabouço industrial, sempre aberto à inovações tecnológicas, propondo diversão e entretenimento em vez de considerações estéticas ou filosóficas, lidando com a camada mais simples dos sentimentos humanos, estabelecendo um ritmo narrativo sintético e veloz, este cinema se tornou a “fábrica de ilusões” preferida do século XX. Musicais, filmes de ação, de aventuras, de terror, comédias e filmes infantis constituíram o variado “menu” oferecido aos espectadores de todo o planeta.
O cinema se adequou de tal forma à alma norte-americana que um gênero novo surgiu para poetizar de forma rústica e dramática o passado da nação: o western, no qual se notabilizou o cineasta John Ford, com filmes como No tempo das diligências, de 1939, que aproveita um célebre conto de Guy de Maupassant. Os heróis de Ford tinham pouca verossimilhança histórica: seus “mocinhos”, na vida real, não se diferenciavam muito de saqueadores e assassinos, mas a força das imagens daqueles filmes era de tal ordem que conferia a esses personagens de ficção uma dignidade exemplar. Em todos os países, as platéias deixavam-se seduzir pela nova arte.
No Brasil, o primeiro filme sonorizado saiu em 1932, Coisas nossas, com genial samba-título do jovem Noel Rosa. Aliás, predominava então a gosto por musicais. Em 1935, Bonequinha de seda, de Oduvaldo Viana, bateu recordes de bilheteria e a música tema foi cantada em todas as cidades do país. No mesmo ano, apareceu uma dupla sertaneja que conquistaria a nação, Alvarenga e Ranchinho, em Fazendo fita. Já em 1936, a película que encantou as platéias foi Alô, alô, Carnaval, de Adhemar Gonzaga, com as irmãs Aurora e Carmem Miranda. Mas havia também melodramas como Ganga bruta, do mineiro Humberto Mauro, realizado em 1933, dramas históricos e adaptações de obras literárias. A maior parte desses filmes eram produzidos pela Cinédia, o primeiro estúdio com bases industriais a surgir entre nós.
No conjunto, eram obras ingênuas, mais ou menos precárias do ponto de vista técnico. No dizer do crítico Paulo Emílio Salles Gomes apresentavam “fragmentos irrisórios da realidade brasileira”, embora permitissem um “acordo entre elas e o espectador” porque havia um fundo de identificação entre as músicas, as anedotas e os conflitos humanos que apareciam na tela e a vida deste público recém chegado do universo rural.
Nos anos 40 e primeira metade dos 50, a chanchadas (comédias musicais de visão malandra/carioca) ampliariam esta identidade, até que a impregnação do cinema norte-americano se tornou tão geral, “ocupando o espaço da imaginação coletiva e modelando formas superficiais de comportamento”, que este modelo cinematográfico nacional definhou e desapareceu.
A MÚSICA POPULAR
A partir de 1930, nos Estados Unidos, a música popular passou a ser um fenômeno de proporções continentais. Os grandes programas de rádio eram ouvidos de costa-a-costa, facilitando o aparecimento de novos artistas e mitos da comunicação. As condições técnicas para gravação de discos e transmissões de longa distância vinham sendo aperfeiçoadas com muita velocidade desde o início do século XX, fazendo com que a qualidade do som também se tornasse um produto.
O estilo musical em ascensão, em meados dos anos 30 era o swing, estilo de jazz próprio para dançar, logo adotado pela mídia que precisava estimular a população (esmagada pela recessão desde o crack da bolsa em 29) a consumir e se divertir.
Já no Brasil a primeira gravação de um samba deu-se em 1917, com Pelo telefone. Registrado e cantado por Donga, a música, entretanto, era uma criação coletiva de instrumentistas, cantores e compositores que se apresentavam em bares, cinemas, festas, casas de família ou casas noturnas da capital federal. O novo gênero era uma mescla temperado pela criatividade de músicos profissionais. Não se pode atribuir ao samba um caráter de criação folclórica ou totalmente popular, embora tivesse raízes nos ritmos preferidos pelos pobres (especialmente os negros) do Rio de Janeiro.
O novo gênero expandiu-se de maneira rápida nos carnavais da década de 20 e alçou-se nacionalmente através do rádio e do cinema, nos anos 30, quando uma esfuziante safra de talentos criou melodias e canções inesquecíveis. Coube a Noel Rosa consolidar o samba através de uma sofisticada veia lírica, que se somou à irreverência do espírito carioca e ao registro realista dos costumes urbanos. Apesar de ter vivido apenas 27 anos, legou-nos um punhado de obras-primas: Palpite infeliz, Conversa de botequim, Feitiço da Vila, Até amanhã, Pastorinhas, O orvalho vem caindo, etc.
Como exemplo da força poética de Noel Rosa, observe-se excertos de algumas de suas músicas mais conhecidas:
Pierrô apaixonado: (“Um pierrô apaixonado, / Que vivia só cantando, / Por causa de uma Colombina, / Acabou chorando!”);
Com que roupa: (“Agora eu vou mudar minha conduta / Eu vou pra luta / Pois eu quero me aprumar./ Vou tratar você com força bruta, / Pra poder me reabilitar. / Pois esta vida não está sopa / E eu pergunto: com que roupa, / Com que roupa eu vou / Ao samba que você me convidou?”)
Três apitos: (“Quando o apito / Da fábrica de tecidos / Vem ferir os meus ouvidos / Eu me lembro de você.”)
Último desejo: (“Nosso amor que eu não esqueço, / E que teve seu começo / Numa festa de São João, / Morre hoje sem foguete, / Sem retrato e sem bilhete / Sem luar... sem violão. / Perto de você me calo, / Tudo penso e nada falo... / Tenho medo de chorar. / Nunca mais quero o seu beijo, / Pois meu último desejo / Você não pode negar.”)

O Xingu dos Villas Bôas






Quem melhor que Orlando Villas Bôas, último sobrevivente dos quatro famosos irmãos indigenistas, para contar a história da ocupação territorial do País e o contato com sua população aborígene. Líder de fato da Expedição Roncador-Xingu, lançada por Getúlio Vargas no final da Segunda Guerra para desbravar o Centro Oeste, percorridos mais de 3 mil quilômetros pelo sertão, até o norte do Mato Grosso e sul do Pará, a convivência com mais de 13 grupos nativos levou Orlando, acompanhado de seus irmãos Cláudio, Leonardo e Álvaro, a relançar a base humanista da política indigenista brasileira.De sua casa no Alto da Lapa, em São Paulo, Orlando Villas Bôas vem acompanhando as discussões em torno da ocupação da Amazônia, vis á vis a pecuária extensiva, a biotecnologia, indústria da madeira e o comércio de drogas. Preocupado com o futuro do parque do Xingu e das inúmeras tribos que permanecem isoladas, ou semi-isoladas, da sociedade ocidental, ao procurar a melhor maneira de chamar a atenção ao assunto, Orlando deparou-se com a nova fronteira da tecnologia on-line."Nem imagino o que significa isso", comentou durante uma visita à redação da Agência Estado, quando soube que teríamos milhões de page-views por mês. "Mas quanto mais gente vir isso melhor," completou com seu habitual bom humor.Para nós na Agência Estado, voar com os Villas Bôas à década de 40 e ao início da Expedição Roncador-Xingu tem sido repleto de boas surpresas. Descobrimos em nossos arquivos o acompanhamento da expedição pelos jornais da casa O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde: matérias e artigos que acompanhavam o seu dia a dia, desde a sua idealização.A medida em que vasculhamos arquivos de fotos e textos, conversando com veteranos e amigos da causa indígena, embarcamos no universo mágico do Parque Indígena do Xingu, com seus cerca de quatro mil habitantes divididos entre 13 nações assentadas em 2.800.704,3343 hectares - mais ou menos o tamanho da França e Inglaterra juntas.Aos poucos, mesmo dada a surpreendente ausência de estudos detalhados sobre as comunidades que vivem no parque, com a ajuda de Orlando e Marina Villas Bôas, constatamos extraordinárias diferenças no acervo cultural vivo que é o Xingu. Alguns dos nossos índios, por exemplo, amam a guerra. Os Kayapós vivem da tensão provocada pelo conflito, traduzem ser humano em intrigas. Outros não. Para o povo Waurá, por exemplo, vizinhos de reserva, nos faz gente a capacidade de refletir e respeitar o espaço dos outros animais. Tradicionalmente, os waurás comem pouca carne, deixando o consumo de proteína animal para as crianças e mulheres grávidas.


Mas enquanto conversamos, expande a fronteira agrícola amazônica, aproximando o Brasil urbano desses grupos de gente, que há muito conhecem - e procuram rejeitar - seu modo de vida. Entretanto, mesmo renegando a civilização do branco, os indígenas permanecem fascinados pelas facilidades da tecnologia: anzóis, panelas fáceis de carregar e inquebráveis, entre tantos outros. Cresce a dificuldade de preservar os hábitos ancestrais.Para tanto, e principalmente para que possa fabricar sua própria identidade, é urgente que o nativo do Brasil adote atividades econômicas de valor agregado. Melhor para ele, áreas até pouco tempo inexploradas ou inacessíveis como a biotecnologia, indústria eletrônica, e mesmo a pecuária de larga escala, incluem necessariamente a exploração do vasto território indígena e de seu conhecimento milenar dos elementos da floresta.Guiados pela voz de Orlando, convido o internauta a mergulhar conosco no coração do Brasil. Voltando ao passado, refazemos a Expedição Roncador-Xingu, que pode ser acompanhada através de artigos e matérias publicadas no jornal O Estado de S. Paulo desde seu lançamento. Uma galeria de fotos e e-books demonstram o espanto de fotógrafos, artistas, antropólogos e jornalistas diante do espetáculo da vida na selva. Partimos então para o mosaico do Parque Indígena do Xingu, descrevendo seus povos, suas guerras e um universo de assuntos de interesse geral pertinentes às nações xinguanas e seus brasileiros.
1. Leonardo, Orlando e Cláudio Villas BôasFoto: Arquivo Orlando Villas Bôas
2. Álvaro, Orlando e Cláudio Villas BôasFoto: Arquivo Orlando Villas Bôas

Mostra de Fotos







Mostra traz imagens preciosas do Brasil do século 19


Um dos mais preciosos acervos sobre a fotografia brasileira do século 19 tornou-se um pouco mais acessível com o lançamento do livro e abertura hoje para o público da exposição O Brasil de Marc Ferrez. Em cartaz até 23 de outubro na sede carioca do Instituto Moreira Salles (IMS) e seguindo posteriormente para Paris, onde será exibida no Museu Carnavalet por ocasião do ano brasileiro na França, a mostra reúne cerca de 300 das mais de cinco mil imagens produzidas pelo fotógrafo franco-brasileiro no País e que constituem uma das mais importantes fontes documentais e reúnem alguns dos mais belos registros do Brasil deste período.
O livro complementa o esforço de pesquisa e reúne, além de um vasto portfólio de imagens, uma série de textos sobre Marc Ferrez (1843-1923) ricamente ilustrados e assinados por especialistas no assunto como Maria Inez Turazzi e Pedro Karp Vasquez.Nesse primeiro grande esforço de classificação e divulgação da obra de Ferrez pelo IMS desde que a coleção foi adquirida em 1998 do historiador e neto do fotógrafo, Gilberto Ferrez, foram privilegiados aspectos centrais de sua produção, que se estendeu ao longo de mais de meio século (entre 1867, quando funda seu primeiro ateliê, e 1920).Os aspectos mais destacados são as imagens panorâmicas da paisagem brasileira, sobretudo do Rio de Janeiro; a curiosa inserção da figura humana nesse contexto, ressaltando o caráter monumental do cenário e da natureza; os trabalhos que realizou como fotógrafo para a Comissão Geográfica do Império e posteriormente nos projetos de documentação como da abertura das estradas de ferro em todo País; e finalmente a introdução de uma série de inovações tecnológicas por Marc Ferrez.Dentre suas ousadias estão a realização de grandes panorâmicas de varredura de até 180.º, com grandes chapas de vidro e exposições tão longas que tornaram possível ao fotógrafo e um amigo brincarem de aparecer duas vezes na mesma imagem, brincando com o conceito de tempo e fotografia.Mas como afirma o coordenador da área de fotografia do IMS, Sergio Burgi, ainda há muito que se aprender com Ferrez sobre fotografia e sobre Brasil.


Anistia Internacional acusa..

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) acusou os militantes do Hezbollah, no Líbano, de cometerem crimes de guerra durante o recente conflito com Israel, que durou 34 dias. Segundo a AI, o Hezbollah deliberadamente alvejou civis quando lançou milhares de foguetes no norte de Israel, em uma "grave violação de leis humanitárias".

Segundo o relatório, o Hezbollah lançou quase 4 mil foguetes no norte de Israel, matando 43 civis e forçando centenas de milhares a fugir. O Hezbollah nega ter tomado civis como alvos e diz que estava respondendo à agressão israelense.

Anteriormente, a AI já havia acusado Israel de ataque desproporcional a alvos civis durante os combates no Líbano. O grupo pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) que seja aberto um inquérito sobre as supostas violações dos dois lados.

"Sem justificativa"

O relatório da AI diz que, embora o Hezbollah tenha afirmado que sua política seria de não alvejar civis, seu líder, o xeque Hassan Nasrallah, relatou que a política foi mudada em represália aos ataques israelenses contra áreas civis libanesas. Segundo o documento, Nasrallah disse: "Enquanto o inimigo conduzir sua agressão sem limites ou linhas vermelhas, nós também vamos responder sem limites ou linhas vermelhas."

A Anistia Internacional disse que as violações de Israel não podem, de forma alguma, justificar as ações do Hezbollah. Segundo a secretária-geral da AI, Irene Khan, "civis não podem pagar o preço da conduta ilegal de nenhum lado". A organização pediu que um "inquérito amplo, independente e imparcial" seja realizado pela ONU sobre as violações, e que se garanta a "reparação completa" às vítimas.

Khan afirmou que há necessidade urgente de Justiça para que às regras de guerra sejam levadas à sério e respeitadas.

Relatório da AI de 23 de agosto último disse que Israel teve como alvo casas, pontes, estradas e depósitos de água e combustível como parte integral de sua estratégia. O porta-voz do governo israelense, Mark Regev, afirmou que as ações de Israel durante a guerra foram "condizentes com leis internacionais e com normas reconhecidas de comportamento durante conflitos".

Cerca de mil libaneses, a maioria civis, e 161 israelenses, principalmente soldados, morreram durante o conflito. Israel lançou sua ofensiva depois que militantes do Hezbollah capturaram dois soldados e mataram vários outros durante uma incursão ao outro lado da fronteira, no dia 12 de julho.

segunda-feira, setembro 11, 2006

11/09/2001

NUNCA MAIS...............































domingo, setembro 10, 2006

Marlene Dietrich

Marlene Dietrich foi uma atriz e cantora de origem alemã.Nasceu em 27 de dezembro de 1901, em Schöneberg, nos arredores de Berlim. Fez escola de artes cenicas e filmes mudos até 1930. Casou-se em 1921, com um ajudante de diretor chamado Rudolf Sieber, sendo mãe de sua unica filha em 1924. Protagonizou o filme Der Blaue Engel (1930), lançado no Brasil como "O Anjo Azul", que foi o primeiro dos 7 filmes nos quais Marlene Dietrich e o diretor Josef von Sternberg trabalharam juntos. Os demais foram Marrocos (1930), Desonrada (1931), O Expresso de Shangai (1932), A Vênus Loira (1932), A Imperatriz Galante (1934) e Mulher Satânica (1935). Depois de trabalhar com von Sternberg, ela foi crescendo em Hollywood, fazendo filmes mais profundos e mais marcantes. Foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazistas, mas ela recusou o convite e se tornou cidadã americana, o que Hitler tomou como um desrespeito para a pátria alemã, e chamou Dietrich de traidora. Durante a guerra, Marlene foi com as tropas aliadas para os lugares de combate, onde cantava para divertir e aliviar a dor dos soldados. Condecorada com medalha após a guerra, Marlene descobriu um dom que poderia explorar: sua voz. Assim ela começou a cantar e atuar. A partir de 1951 ela começa a se apresentar em shows em Las Vegas, no Sahara Hotel. Em 1961 ela protagoniza um filme que quebra barreiras e choca o mundo com um assunto que ainda assustava. O filme era "Julgamento em Nuremberg", que tratava do holocausto, do nazismo, e do tumultuado julgamento, que condenou os grandes líderes nazistas. Com turnês mundiais, ela visita o mundo todo, porém volta para sua pátria, a Alemanha, apenas em 1962, e sua volta não agradou a todos, pois os nazistas remanescentes a chamaram de traidora em pleno aeroporto. Marlene tinha em Berlim uma de suas melhores amigas, a também talentosa cantora e atriz Hildegard Knef. Em 1978 Marlene protagoniza seu último filme "Just a gigolo", onde contracenou com David Bowie. Porém nesse meio tempo ela faz várias participações em rádios e programas de televisão. Mas esconde-se em seu apartamento em Paris, onde morre em 1992, aos 91 anos de idade, de causas naturais. Porém existem comentários que Marlene se matou com calmantes pois não suportava o fato de envelhecer, outros dizem que ela tinha Mal de Alzheimer, e por isso se matou, mas não existe nada que comprove esses comentários. Em 2001 foi feito um filme biográfico sobre a diva, dirigido pelo seu neto e com comentários de várias pessoas que conviveram com Dietrich, como sua filha Maria Riva, seu sobrinho, Hildegard Knef, Burt Bacarach, o filho de von Sternberg, entre outros.

Cecilia Meireles

Poema

Cecília Meireles (1901-1964)

Guerra

"Tudo é sangue
que os rios desistem de seu ritmo,
e o oceano delira
e rejeita as espumas vermelhas.
Tanto sangue
que até a lua se levanta horrível,
e erra nos lugares serenos,
sonâmbula de auréolas rubras,
com o fogo do inferno em suas madeixas.
Tanta é a morte
que nem os rostos se conhecem,lado a lado,
e os pedaços de corpos estão por ali como tábuas sem uso.
Oh! os dedos com alianças perdidos na lama...
Os olhos que já não pestanejam como a poeira...
As bocas de recados perdidos...
O coração dado aos vermes,dentro dos densos uniformes...
Tanta é a morte
que só as almas formariam colunas,
as almas desprendidas...-e alcançariam as estrelas


E as máquinas de entranhas abertas,
e os cadáveres ainda armados
e a terra com suas flores ardendo,
e os rios espavoridos como tigres,com suas máculas,
e este mar desvairado de incêndios e náufragos,
e a lua alucinada de seu testemunho,
e nós e vós,imunes,
chorando,apenas sobre fotografias,
-tudo é tão natural armar e desarmar de andaimes
entre tempos vagarosos,
sonhando arquiteturas!!!"


A obra poética de Cecília Meireles ocupa lugar singular na história das letras brasileiras por não pertencer a nenhuma escola literária. Alta expressão da poesia feminina brasileira, inclui-se entre os grandes valores da literatura de língua portuguesa do século XX. Leia mais