domingo, abril 08, 2007

Cecília Meireles (1901-1964)

Guerra

"Tudo é sangueque os rios desistem de seu ritmo,e o oceano delira e rejeita as espumas vermelhas.
Tanto sangueque até a lua se levanta horrível,e erra nos lugares serenos,sonâmbula de auréolas rubras,com o fogo do inferno em suas madeixas.
Tanta é a morteque nem os rostos se conhecem,lado a lado,e os pedaços de corpos estão por ali como tábuas sem uso.
Oh! os dedos com alianças perdidos na lama...Os olhos que já não pestanejam como a poeira...As bocas de recados perdidos...O coração dado aos vermes,dentro dos densos uniformes...
Tanta é a morteque só as almas formariam colunas,as almas desprendidas...-e alcançariam as estrelas.
E as máquinas de entranhas abertas,e os cadáveres ainda armadose a terra com suas flores ardendo,e os rios espavoridos como tigres,com suas máculas,e este mar desvairado de incêndios e náufragos,e a lua alucinada de seu testemunho,e nós e vós,imunes,chorando,apenas sobre fotografias,-tudo é tão natural armar e desarmar de andaimesentre tempos vagarosos,sonhando arquiteturas!!!"

A obra poética de Cecília Meireles ocupa lugar singular na história das letras brasileiras por não pertencer a nenhuma escola literária. Alta expressão da poesia feminina brasileira, inclui-se entre os grandes valores da literatura de língua portuguesa do século XX.

Marlene Dietrich

Marlene Dietrich foi uma atriz e cantora de origem alemã.Nasceu em 27 de dezembro de 1901, em Schöneberg, nos arredores de Berlim. Fez escola de artes cenicas e filmes mudos até 1930. Casou-se em 1921, com um ajudante de diretor chamado Rudolf Sieber, sendo mãe de sua unica filha em 1924. Protagonizou o filme Der Blaue Engel (1930), lançado no Brasil como "O Anjo Azul", que foi o primeiro dos 7 filmes nos quais Marlene Dietrich e o diretor Josef von Sternberg trabalharam juntos. Os demais foram Marrocos (1930), Desonrada (1931), O Expresso de Shangai (1932), A Vênus Loira (1932), A Imperatriz Galante (1934) e Mulher Satânica (1935). Depois de trabalhar com von Sternberg, ela foi crescendo em Hollywood, fazendo filmes mais profundos e mais marcantes. Foi convidada por Hitler para protagonizar filmes pró-nazistas, mas ela recusou o convite e se tornou cidadã americana, o que Hitler tomou como um desrespeito para a pátria alemã, e chamou Dietrich de traidora. Durante a guerra, Marlene foi com as tropas aliadas para os lugares de combate, onde cantava para divertir e aliviar a dor dos soldados. Condecorada com medalha após a guerra, Marlene descobriu um dom que poderia explorar: sua voz. Assim ela começou a cantar e atuar. A partir de 1951 ela começa a se apresentar em shows em Las Vegas, no Sahara Hotel. Em 1961 ela protagoniza um filme que quebra barreiras e choca o mundo com um assunto que ainda assustava. O filme era "Julgamento em Nuremberg", que tratava do holocausto, do nazismo, e do tumultuado julgamento, que condenou os grandes líderes nazistas. Com turnês mundiais, ela visita o mundo todo, porém volta para sua pátria, a Alemanha, apenas em 1962, e sua volta não agradou a todos, pois os nazistas remanescentes a chamaram de traidora em pleno aeroporto. Marlene tinha em Berlim uma de suas melhores amigas, a também talentosa cantora e atriz Hildegard Knef. Em 1978 Marlene protagoniza seu último filme "Just a gigolo", onde contracenou com David Bowie. Porém nesse meio tempo ela faz várias participações em rádios e programas de televisão. Mas esconde-se em seu apartamento em Paris, onde morre em 1992, aos 91 anos de idade, de causas naturais. Porém existem comentários que Marlene se matou com calmantes pois não suportava o fato de envelhecer, outros dizem que ela tinha Mal de Alzheimer, e por isso se matou, mas não existe nada que comprove esses comentários. Em 2001 foi feito um filme biográfico sobre a diva, dirigido pelo seu neto e com comentários de várias pessoas que conviveram com Dietrich, como sua filha Maria Riva, seu sobrinho, Hildegard Knef, Burt Bacarach, o filho de von Sternberg, entre outros.

O ESPELHO E EU



O alfaiate se arrumando no espelho
O cachorro "fucinhando" algo pra comer
As lotadoO ccrianças com a bolaOs velhos na praç
aO ponto arrinheiro e seu papelão
A envelhecida e suas latinhas
O chinês e seus pastéis
O soldado e sua arrogância
A faixa e sua propagandasAs casas sem bandeira
O crente e seu suor
A árvore e seu balanço
A fila na agência de emprego
Os adolescentes se beijando
O bêbado se concentrando
A criança perdida
O hipie e sua gaita
O gari e seu descanço
O cachorro e sua displicência
A freira e seus segredos
O mendigo e sua fome
O menino e sua pipa
A velha e sua espera
O cego e sua sanfona
O motorista e seu calo
O espelho e eu.
Fiquei cego!