sexta-feira, outubro 13, 2006

O laptop máquina de escrever

Laptop

O site Monkey Farm traz informações sobre o laptop acima, feito pelo artista japonês Kogoro.
A tradução feita pelo Google da página para o inglês mais confunde do que explica.
O computador retrô tem uma máquina de escrever antiga como teclado e uma alça de telégrafo no lugar do mouse. A campainha à direita funcionaria como tecla enter.O Make: Blog diz que a máquina poderia ter saído de Brazil, filme do Terry Gilliam. O Boing Boing acha que tem mais a ver com Naked Lunch, do David Cronenberg.


Quase Nada

De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei

Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho

Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso

Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo

Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada

De você seI quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei

Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho

Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso

Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo

Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada


Zeca Baleiro

quarta-feira, outubro 11, 2006

Penélope & Almodóvar

Vou abrir o jogo: nunca tive lá muita simpatia por Penélope Cruz. Mas,
entrego os pontos e admito (alegremente) que ela está maravilhosa
em Volver, o novo filme de Pedro Almodóvar, que vi agora de manhã
em sessão para a imprensa. Não é difícil apostar que Volver será
uma das grandes atrações da 30ª Mostra de Cinema, pois Almodóvar
tem público fiel. E algum jeito ele deu em Penélope, que,
de enjoadinha que sempre me pareceu, ganhou ares de mulherão,
uma espanholona daquelas de Almodóvar, despachada, peituda,
mandona, cheia de iniciativa e paixão. Ela é Raimunda, vive com
a filha e o marido numa cidadezinha da Mancha,famosa na Espanha
pelo vento insalubre e pelo grande número de loucos entre seus
habitantes. Há um imbróglio familiar, supostos mortos que
reaparecem e o eterno universo feminino de Almodóvar.
Nesse filme você ri e você chora. E nem por um momento
questiona a verossimilhança de uma história que, analisada de
maneira racional, pareceria inverossímil a mais não poder.
Mas quem liga para a racionalidade quando entra em campo
aquela intensidade emocional de que só Almodóvar
parece conhecer o segredo no cinema contemporâneo?




Penelope Cruz, exuberante em Volver, de Pedro Almodóvar

terça-feira, outubro 10, 2006

Santos-Dumont, glamour e tormento

Achei bem realizado o documentário da France 5 sobre Santos-Dumont (ou Santos=Dumont, como ele gostava de assinar, para acentuar que era meio brasileiro meio francês) exibido à meia-noite pelo GNT. Foi baseado no livro "Asas da Loucura", do americano Paul Hoffmann (disponível em edição nacional), mas contou com depoimentos de brasileiros como o físico Henrique Lins de Barros. A reconstituição pareceu precisa e a narrativa, embora convencional, distribuiu bem as informações. O centenário do vôo do 14 Bis - no próximo dia 23 - merece toda a comemoração, ainda que sua tecnologia não tenha se revelado a mais adequada.

Havia nesse homem que queria a dança da máquina com o vento uma busca constante pela elegância e pela leveza. Havia também fragilidade - e uma crença romântica e orgulhosa no progresso como panacéia, a tal ponto que se deixou atormentar pelo uso do avião como arma de guerra como se fosse sua culpa pessoal. Suas aventuras não duraram mais que doze anos, mas por metade desse tempo foi o maior dos pioneiros, o mais inventivo, o mais ousado dos aventureiros da Belle Époque. A aviação tem muitos pais, mas Santos-Dumont certamente é o mais glamouroso e enigmático deles.

Uma nova bolha de internet?

Google anunciou hoje a compra do YouTube por US$ 1,65 bilhão. Criado em fevereiro de 2005, o YouTube não tem modelo de negócios definido. Segundo um concorrente, citado pela Economist, o site perde US$ 500 mil por mês, gastos com conexão e armazenamento de dados.O YouTube exibe cerca de 100 milhões de vídeos por dia. A idéia do Google é transformar esse tráfego em receita, na venda de anúncios de vídeo. Depois do estouro da bolha da internet, em abril de 2000, o discurso dos investidores era de que só havia espaço para empresas lucrativas, com modelo de negócios bem definido. Não é o caso do YouTube.
O grande atrativo para o Google foi a audiência. Ou os globos oculares, como as pessoas diziam em 1999.
Acima, o quarto vídeo de maior audiência do YouTube, com 9,9 milhões de exibições. A universitária israelense Tasha fez um clipe caseiro da música "Hey", da banda americana Pixies.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Meu Plano

Meu plano era deixar você pensar o que quiser
Meu plano era deixar você pensar
Meu plano era deixar você falar o que quiser
Meu plano era deixar você falar coisas sem sentido,
sem motivo, sem querer
Andei fazendo planos pra você
Engano seu achar que fosse brincadeira
Engano seu
Aconteceu de ser assim dessa maneira
Engano é meu
Mesmo sem motivo, sem sentido, sem saber
Andei fazendo planos pra você
Pra você eu faço tudo e um pouco mais
Pra você ficar comigo e ninguém mais
Largo os compromissos
Deixo tudo ao lado
Você tenta em vão me convencer
Que é melhor não fazer planos pra você
Meu plano era deixar você fugir quando quiser
Meu plano era esperar você voltar
Engano seu achar que o plano é passageiro
Engano meu
Acho que o destino antes de nos conhecer
Fez um plano pra juntar eu e você
Pra você eu faço tudo e um pouco mais
Pra você ficar comigo e ninguém mais
Largo os compromissos
Deixo tudo ao lado Você tenta em vão me convencer
Que é melhor não fazer planos pra você!

Uma abordagem da solidão

É aquela que é carga demais e
a gente fica pensando e
jura por Deus que não merecia,
mas como diz o poeta:
Sempre Não é Todo Dia.
Sempre Não é Todo Dia.

Silêncio

Há qualidades incorpóreas, de existência
dupla, nas quais segunda vida se produz,
como a entidade dual da matéria e da luz,
De que o sólido e a sombra espelham a evidência.

Há pois, duplo silêncio; o do mar e o da praia,
do corpo e da alma; um, mora em deserta região
que erva recente cubra e onde, solene, o atraia
lastimoso saber; onde a recordação

O dispa de terror; seu nome é "nunca mais";
E o silêncio corpóreo. A esse, não temais!
Nenhum poder do mal ele tem. Mas, se uma hora

Um destino precoce (oh, destinos fatais!)
Vós levar as regiões soturnas, que apavora
sua sombra, elfo sem nome, ali onde humana palma

Jamais pisou, a Deus recomendai vossa alma!

Edgar Allan Poe
(1809-1849)

Escritor americano.Conhecido em todo o mundo
sobretudo por seus contos de mistério e terror.
O gênio visionário de Poe, poeta de amplos
recursos e contista conhecido sobretudo por suas
histórias de mistério e horror, constituiu uma
fonte de inspiração direta para a renovação
literária européia no final do século XIX.